O que é o Viés de Normalidade?

viés de normalidade

O que é o viés de normalidade ?


O viés da normalidade é um tipo de viés cognitivo que faz com que normalizemos situações perigosas. Sendo assim, tendemos uma acreditar que a situação não é tão perigosa quanto aparenta.

Esse mecanismo do cérebro de normalizar as situações é vantajoso em certos casos, evitando que fiquemos desesperados a cada sinal de perigo. Por exemplo, por causa do perigo de sofrer um grave acidente de carro, poderíamos deixar de dirigir e por aí vai.

Contudo, esse viés é ruim em outras situações, podendo trazer graves consequências. Por exemplo, ao normalizar a dor nas costas achando que é má postura, você pode acabar descobrindo uma doença apenas quando ela for muito grave.


Viés de normalidade (ou normality bias) é o nome dado à disposição humana para, diante dos sinais de uma catástrofe, normalizarem a situação e o seu próprio comportamento.

Na prática, isso significa que não apenas temos dificuldade para identificar rapidamente situações de extremo perigo, como raramente o nosso cérebro está preparado para solucioná-las.


Parece meio incoerente, não é? Afinal, se você já leu sobre outros vieses sabe que a função central desse órgão é nos ajudar a sobreviver.

“Eu descubro que cometo várias falhas de lógica no dia a dia porque o meu cérebro tem muitas configurações de sobrevivência no automático e agora vocês me contam que eu posso morrer justamente graças a isso?”, você pode estar se perguntando.

A resposta é: depende. Sim, o viés de normalidade é a explicação para a morte de diversas pessoas em muitas tragédias ao redor do mundo. Mas juramos que, se você ainda tem um tantinho de sanidade, é também graças a ele.


Guiados por este viés, como dito, tendemos a subestimar a possibilidade de ocorrência de uma catástrofe e as consequências de uma situação de emergência. Neste caso, os avisos de atenção não têm utilidade e os riscos de que mais pessoas sejam afetadas é maior.

Para você entender melhor, vamos a um exemplo. Suponhamos que em uma região onde periodicamente ocorrem furações, o governo emitiu um alerta sobre um furacão iminente. No entanto, algumas pessoas se recusam a evacuar a região e não tomam as precauções necessárias, por achar que será “apenas mais um furação”.

O furacão vem com força e resulta na morte de várias pessoas. Mortes essas que poderiam ter sido evitadas se essas pessoas tivessem tomado as precauções indicadas. Mas quando elas perceberam o real perigo, já era tarde demais.


No próximo tópico, te explicamos melhor essa relação. Agora o que podemos garantir é que o viés de normalidade pode ser driblado, mas não totalmente expurgado do seu sistema. Portanto, é melhor aprender a conviver com ele, agradecê-lo e tirar o seu melhor proveito - exatamente como o seu herói favorito das telinhas faz.


Como ele funciona?

O viés da normalidade funciona como um erro de julgamento do nosso cérebro. Ele pode trazer muitas consequências ruins, mas ele é resultado da evolução humana e tem a sua utilidade.

Por exemplo, um ser humano na idade das pedras tinham as mesmas chances de ser atacado por um predador quanto de ter sucesso em suas caçadas. Nesse contexto, se o viés da normalidade não existisse, as pessoas iriam dar maior valor para os riscos de morte e optariam por não sair para caçar.

Se optassem pela proteção das cavernas, os riscos seriam menores, mas boa parte do grupo poderia morrer de fome. De forma que esse viés foi importante para a sobrevivência humana. Hoje em dia ele também tem a sua importância, pois se você desse atenção demais para todas as catástrofes profetizadas, você não teria paz.

Por exemplo, você não sairia de casa pois existe o risco de ser assaltado. Você não iria investir, pois sempre tem alguém prevendo uma grande crise financeira. Você não iria se relacionar com ninguém, pois poderia conhecer um psicopata e acabar morto.


Na prática, esse viés é uma forma de selecionarmos as situações em que é preciso enfrentar os riscos. Contudo, esse julgamento nem sempre é correto e podemos acabar escolhendo não levar a sério situações que deveríamos levar.


Como o viés de normalidade surge? 

O viés de normalidade é um derivado desse sistema de filtragem. Embora sons, imagens e sensações diferentes apareçam continuamente, em raras ocasiões elas significam algo grave. 

Um pouco de falta de ar pode ser apenas efeito de um dia de tempo seco e ar mais poluído. Um estrondo, resultado de uma simples batida de carro na esquina. Uma fumaça mais escura no céu, algum incêndio em parte da cidade.

Poucas pessoas se perguntam de primeira se estão infartando, sendo vítimas de um bombardeio ou, então, perseguidas a la Lost. 

Por que? Porque é simplesmente improvável demais, estatisticamente falando, e esperar que cada estímulo diferente signifique uma desgraça se aproximando nos enlouqueceria facilmente. Os hipocondríacos estão aí para provar!

De forma direta, imagine o que aconteceria se fossemos correndo ao hospital todas as vezes em que sentíssemos uma dor de cabeça, jurando que estamos com um tumor cerebral. Considerando que as chances de desenvolver a doença é de menos de 1%, apenas desperdiçaríamos nosso tempo e o do médico.

Por isso, normatizamos as dores de cabeça. Por vezes, ingerimos um analgésico e dizemos a nós mesmos que “logo vai passar”. 

Na maioria das ocorrências realmente é o que acontece, mas e no caso das pessoas que realmente estão com tumor cerebral?

Acostumadas a ignorar as dores de cabeça, elas demoram mais para procurar ajuda e acabam adiando o tratamento, diminuindo assim a taxa de sobrevida.

O mesmo se dá em acidentes de avião, ataques terroristas e outras tragédias dignas de filmes-catástrofe. Em eventos reais desse tipo, como o Desastre de Tenerife e o ataque às Torres Gêmeas, muitos morreram porque demoraram a identificar o que estava acontecendo e agir para se salvar.

E se hoje podemos julgar o que fizeram de errado, sentados confortavelmente em nossas cadeiras, saiba que estamos sujeitos ao mesmo fenômeno no nosso cotidiano. 

É o que se conhece como Efeito The Walking Dead: muitos espectadores, ao assistirem filmes e séries de zumbis, analisam as atitudes dos personagens como “burras” e acreditam que sabem como se salvar caso algo do tipo aconteça. 

No entanto, o mais provável é que diante de um tumulto na rua, eles demorem a perceber que não se trata de uma mero carnaval fora de época, protesto, “rolezinho” ou arrastão, mas sim o seu enredo favorito virando realidade. Resultado: são os últimos a correrem por suas vidas e os primeiros a serem infectados. Game overthe end, fim da sua série.


Como o viés da normalidade pode interferir na nossa vida?

O viés da normalidade pode afetar vários aspectos da nossa vida. Por exemplo, nós normalizamos a dor de cabeça, já que, geralmente, trata-se de uma dor passageira que não significa nenhum problema sério de saúde.

Essa normalização faz sentido, pois imagine se fôssemos ao médico toda  vez que sentimos dor de cabeça, achando que temos um tumor cerebral? Na maior parte dos casos, tomar um analgésico resolve o problema e voltamos a vida normal.

Contudo, se quem realmente estiver com um tumor cerebral demorar para pedir ajuda, a situação pode chegar a um nível de gravidade onde não há chances de reversão.


Como evitá-lo?

Evitar os vieses cognitivos não é fácil, pois geralmente não percebemos quando estamos sendo guiados por eles. Além disso, eles são úteis em certas situações, mesmo podendo ser muito negativos em outras.

O primeiro passo para evitar o viés da normalidade, é se informar sobre a situação antes de tomar uma decisão. Por exemplo, antes de acreditar ou desacreditar em uma previsão de crise financeira, estude sobre o mercado, confira as opiniões de outros especialistas e afins.

Depois de estudar sobre o assunto, decida se vale a pena tomar alguma atitude ou se é uma situação que não requer a sua atenção. Por exemplo, se o mercado está indo bem e todos os especialistas estão confiantes, então o aviso de crise pode ser apenas um exagero de alguém.

Mas se você identificar que realmente existe perigo, então não ignore a situação. Isso vale para os vários avisos de catástrofe e não apenas no mercado financeiro: esteja preparado para tomar uma atitude. Se você optar por não fazer nada, você pode acabar sendo guiado por outros vieses como, por exemplo, o viés do conservadorismo.




Esperamos que você tenha encontrado algumas informações interessantes e úteis neste artigo. Você tem alguma outra ideia de preparação para iniciantes? Ou você usou alguma das informações deste artigo para iniciar sua própria jornada de preparação? Deixe-nos saber nos comentários abaixo.



Texto traduzido e adaptado do sites: Investidor Sardinha // Mais Retorno





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